Este ano, o Interreg comemora o seu trigésimo aniversário, centrando-se em três temas de interesse para a coesão europeia: juventude, uma Europa mais verde e todos nós temos vizinhos. Nesse contexto, todos os meses, entrevistaremos um de nossos projetos emblemáticos relacionados com um desses temas.

Este mês, conversamos com Ana Ariz Argaya, da NASUVINSA, beneficiário do projeto PROMOBIOMASSE, um projeto para o desenvolvimento de um modelo integrado de gestão sustentável da biomassa florestal em circuito curto.

1) Em que consiste o projeto PROMOBIOMASSE?

PROMOBIOMASSE promove a biomassa florestal e desenvolve um modelo sustentável de gestão de biomassa em circuito curto. Para isso, é necessário um trabalho em rede que realizamos com todos os beneficiários no espaço SUDOE.

O projeto está organizado em 3 fases. Na primeira fase, foram identificadas boas práticas no território SUDOE, que nos permitiram estudar o uso da biomassa. A partir daí, na segunda fase, projetamos um modelo de gestão integrado que inclui todas as partes da cadeia de valor da biomassa, como conhecimento de recursos, gestão sustentável, acesso à madeira, gestão empresarial ou a certificação de biomassa. Foram estabelecidas 10 tarefas de trabalho para desenvolver o modelo numa terceira, com um tema por território e beneficiário. Neste momento, estamos nesta terceira fase e cada beneficiário está a desenvolver o seu eixo. Assim, nós, beneficiários de Navarra, centramo-nos na criação de um centro de logística para o aprovisionamento de biomassa; os beneficiários franceses fizeram uma APP com a qual é possível medir a quantidade de madeira existente para cada parcela cadastral; o beneficiário da Estremadura organizou formações; na Catalunha, procuram novas formas de mobilização, realizando testes com máquinas para extrair a madeira, etc.

Essa metodologia de trabalho é uma vantagem para todos, pois cada beneficiário está a aprender com os outros, trocando conhecimentos e resultados.

2) Por quê investir em biomassa como combustível?

E por que não investir em biomassa? (risos) Para mim, só tem benefícios: é um produto local, temos certeza da sua gestão sustentável e é uma energia que produzimos aqui, não estamos importando. Se o usarmos desde aqui, podemos verificar se o produto é renovável e se estamos a geri-lo bem, respeitando circuito curto, ou seja, garantindo uma distância relativamente curta. Assim, as cidades beneficiam-se, promovendo o emprego local, que em Navarra, como em outros lugares, é uma questão crítica, como o despovoamento. Se pudermos contribuir com nosso grão de areia para que a biomassa seja outro incentivo e o emprego nas áreas rurais aumente, melhor! A biomassa só tem benefícios, não tem desvantagem! (risos)

3) É conhecido como combustível?

O consumidor procura preço e comodidade e, até recentemente, não havia depósitos de lascas para acionar caldeiras, isso era visto como algo do futuro. No entanto, hoje existem muitas caldeiras e fogões que funcionam com biomassa e as pessoas estão a perceber que funciona. Temos que trabalhar em todos os aspectos para consciencializar as pessoas de que é um produto renovável, que funciona bem e que seu preço é competitivo.

4) Quanto contamina a biomassa?

Em várias cidades, já existem redes de calor que funcionam com caldeiras de biomassa. Por exemplo, em Navarra, está sendo construída uma grande rede de calor que funcionará apenas com biomassa. As caldeiras já têm seus próprios filtros para evitar contaminação, funcionam como outros tipos de lareiras. Além disso, a madeira possui um balanço neutro de poluição: o que a madeira de uma árvore absorve do CO2 durante o crescimento deve ser compensado pelo CO2 produzido quando queimado. E é por isso que a biomassa é considerada uma energia verde e renovável.

5) Neste projeto, cooperam entidades públicas e privadas, quais são as vantagens da cooperação entre esses dois tipos de entidades?

Somos uma empresa pública do governo de Navarra que trabalha com o setor privado para promovê-lo, apoiá-lo para estimular a procura e que pode disponibilizar a biomassa aos clientes. Temos que promover o desenvolvimento desse tecido comercial e garantir que o melhor trabalho possível seja feito para que mais produtos estejam disponíveis. A colaboração deve ser muito próxima para que todos nos beneficiemos. Não podemos fazer o trabalho sozinhos, especialmente se a empresa privada já estiver a trabalhar nisso: o que precisamos fazer é trabalhar para que o objetivo seja alcançado e que ambas as partes se beneficiem. E até agora tem funcionado muito bem.

6) Portanto, estão a criar uma empresa de capital misto. Como funciona?

A criação de uma empresa de capital misto é um dos objetivos do projeto. Hoje, em Navarra, não existe empresa de capital misto. Após um estudo jurídico, vamos criar um centro de logística de biomassa para alimentar principalmente as caldeiras de Nasuvinsa. Este centro será gerido por uma entidade público-privada e atualmente estamos a estudar como fazê-lo. Devido ao COVID-19, foi adiado um pouco, mas, este ano, devemos fazer de isso uma realidade.

A criação de uma empresa de capital misto é muito vantajosa para o projeto. Precisamos de biomassa que nós próprios não podemos produzir e cuja qualidade queremos garantir. Empresas privadas produzem biomassa e o que podemos fazer é reunir-nos todos com o objetivo de garantir biomassa de qualidade. Dessa forma, podemos controlar melhor o processo, contando com especialistas de diversos setores: quem retira a madeira da floresta, quem a manipula, etc. ... diferentes agentes que trabalham na mesma cadeia para atingir um objetivo comum.

Além disso, deve-se dizer que o volume de biomassa que manipulamos não é economicamente rentável, pois é um volume muito pequeno, mas as empresas privadas controlam muito bem os custos, benefícios e rentabilidade.

7) Como definiria o projeto em poucas palavras?

O lema do projeto é "Promobiomasse: a energia que cresce ao seu lado" e acho que essa frase reflete muito bem o espírito do projeto! Vamos promover o uso de um produto que nos fornece energia renovável e sustentável que temos ao lado de casa e que não nos dá apenas o produto, mas também muitos benefícios, para o conjunto da cadeia.

                                                                                                                                                                   Foto cortesia de @Promobiomasse

Muito obrigada Ana!

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